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segunda-feira, 15 de abril de 2013

A transição: Músico X Cuidador de Idoso

Toda a minha vida, praticamente, desde a minha infância, a música esteve presente! Basta pegar fotos minhas para perceber que a maioria estou sempre ao lado de um instrumento musical. Meu primeiro instrumento musical dado por meu pai foi um "ganzá" (instrumento de percussão). Na ocasião eu tinha menos de 5 anos, mas já tinha o ritmo musical no sangue! Depois ganhei um cavaquinho, que por eu ser tão pequenina, para mim era como se fosse um violão! rsrsss Já por volta dos 7 anos meus pais me matricularam em uma Escola de Música para que eu aprendesse teria musical e a tocar acordeão. Na escola de música, conheci de pertinho o violão e o piano, e mais alguns instrumentos de percussão: aprendi um pouco de cada coisa! Tanto que tempos depois, meus pais percebendo meus dons e o meu interesse crescente por música, me deram um violão e alguns instrumentos de percussão! Tudo para incentivarem mais e mais o meu DOM!!! Já crescidinha, fui estudar na Ordem dos Músicos do Brasil (Teoria Musical). Queria me aperfeiçoar mais ... Tive o privilégio de conhecer o grande Maestro Providência (não estou muito certa do nome!). Na época, ele era o Maestro Regente da Banda Municipal do Rio de Janeiro. Que homem sábio e virtuoso!...e de uma humildade e espiritualidade incrível! Ele me incentivou muito em minha carreira como músico e também como cantora! Enfim, todos os meus sonhos estão voltados para a carreira musical! E assim foi por longos anos!... ******************************************************************** Quando minha mãe adoeceu e foi constatado a doença de Mal de Alzheimer, eu jamais poderia imaginar no quanto isto MUDARIA toda a trajetória da minha vida! As minhas mãos que só sabiam deslizar sobre as teclas de um teclado eletrônico, com o tempo, foi "dando vez" para outras atribuições ... No começo eu pensei que não fosse aguentar tamanha mudança em minha vida! Trocar fraldas, fazer curativos, preparar papinhas, dar banho, entre outras coisas. Minhas mãos frágeis, delicadas e ao mesmo tempo ágeis em um instrumento musical (teclado), agora tinham que continuarem serem frágeis, delicadas, mas "menos agressivas" no toque, e mais vagarosa ... O paciente de Alzheimer com o tempo vão ficando tão debilitados que basta um movimento brusco da nossa parte para quebrar um osso do doente! Ou mesmo se não souber "pegá-los", a gente acaba deixando "marcas roxas" em sua pele. Me lembro de certa vez ao tentar retirar sujeirinhas dos olhos da minha mãe, o simples "roçar" de um dos meus dedos ao redor dos olhos dela, lhe deixou horrorosas olheiras, como se alguém lhe tivesse dado um soco! Eu fiquei cheia de sentimento de culpa! ********************************* Enfim, não foi nada fácil para mim, de repente um dia me descobrir exercendo a função de um Cuidador de Idoso, sem se quer ter feito algum dia um cursinho de enfermagem e/ou primeiros socorros! Houve uma época que minha mãe teve uma escara (ferida) muito grande na região do córcex ... e eu tive de fazer curativos por vários meses! Eram em média 2 ou 3 curativos por dia! Foi tanto tempo realizando essa atividade que, quando eu ia tocar no teclado ... eu ficava olhando minhas mãos sobre as teclas como se já não as reconhecessem mais! ********************************************* Sinceramente falando ... se eu não fosse tão religiosa, com uma enorme fé em Deus, creio que eu não teria conseguido NADA! Porque não é brincadeira ser um Cuidador de Idoso: tem que gostar muito! É muito cansativo ... e tem horas que dá um enorme tédio na gente! Eu torno a repetir: SEM DEUS eu não teria conseguido nada! A Cuidadora de Idoso, em mim, Deus foi moldando dia após dia! É um "trabalhar" nossa paciência, dedicação, resistência física e mental! E, para uma mulher de estatura baixa, como eu, e de pouco peso, fica mais penoso ainda, certas tarefas, assim como ter que levantar o doente, ou tentar colocá-lo na cadeira para tomar banho, ou levá-lo para passear. Muitas vezes me peguei em depressão ... eu já estava ficando entediada com a situação! Eu sentia falta de tocar meu teclado, de cantar, de sair e fazer shows, pois a medida que foi agravando a doença da minha mãe, automaticamente, eu fui me anulando, deixando de viver a minha vida, para VIVER a vida dela! ************************************************** Sempre fui calma, serena ... mas a medida que foi se tornando frequente meus cuidados para com a mamãe, aos poucos fui deixando de cantar e tocar teclado!... por conta disso, fui me tornando estressada, irritada, nervosa, sem paciência. O paciente de Alzheimer ocupa praticamente todo o nosso tempo! Bom seria se a família fosse unida e dividissem as responsabilidades; mas, em meu caso, eu não tive muita sorte não ... pois todos foram se afastando, afastando de nossa casa, que por fim, acabei me vendo sozinha para levar adiante a missão de cuidar da minha mãe! E eu sou muito AGRADECIDA a Deus, a Jesus, a Virgem Maria, ao Divino Espírito Santo, que em todos estes anos têm estado ao meu lado, me orientando, abençoando, iluminando meus caminhos! AMÉM! E, assim, tenho tido muita FORÇA e CORAGEM para carregar(executar) minha missão. Quero deixar registrado nesse espaço, também, que existe um ditado antigo, mas muito certo ... é mais ou menos assim: "Ninguém nasce sabendo" ... em outras palavras, melhor dizendo, "Ninguém nasce sabendo", mas com BOA VONTADE e INTERESSE em aprender, a pessoa CONSEGUE SIM realizar coisas que normalmente não faria. Trazendo esta frase para a minha realidade, além da FORÇA ESPIRITUAL vinda de DEUS, foram necessários meu interesse e dedicação para compreender as atribuições de um Cuidador de Idoso, e no caso específico da minha mãe, como CUIDAR DE UM PACIENTE PORTADOR DE MAL DE ALZHEIMER. Então, eu passei a procurar informações não só via internet, como em apostilas, mas também com outros cuidadores de idosos, médicos e enfermeiras, que pudessem me ORIENTAREM no MELHOR CAMINHO. Muitas das vezes durante as visitas à médica geriatra, na sala de espera enquanto aguardava atendimento para minha mãe, eu sempre "trocava idéias" com outras pessoas que estavam ali, também, acompanhando idosos, e ali a gente "compartilhava" das experiências diárias! Isto me ajudou muito, pois cada paciente de Alzheimer têm reações diferentes: enquanto uns se mantêm apáticos, por exemplo, outros já se tornam mais agitados ... e assim por diante.*********************************Uma vez diagnosticado a doença de Alzheimer, não adianta querer "fugir da realidade"; o jeito é mesmo encarar o "problema" de frente, buscando alternativas, procurando sempre se informar, e NUNCA dar ouvidos a "primeira resposta" ... pesquise, corra atrás mesmo! Agora tenha em mente uma única certeza: NÃO ESPERE MUITO DAS PESSOAS À SUA VOLTA, POR CONSEGUINTE, ESPERE TUDO! O que eu estou querendo dizer é que de repente você poderá se sentir como eu: SOZINHO(A) ... e aí você vai ter que por em prática aquela velha história de "Robson Cruzoé", sozinho, perdido numa ilha! E você vai ter que se virar pra poder dar "conta do recado"! ... e ao mesmo tempo "ESPERE TUDO DAS PESSOAS", porque você vai se desdobrar para dar o melhor de si em prol do doente, mas SEMPRE vão aparecer aqueles para te criticarem, dizerem que você não está cuidando direito. Enfim, AJUDAR NINGUÉM QUER, mas CRITICAR?...Huuuuuuummmm... tem muitos por ai!!! *********************O importante é você se manter SEGURO do que está fazendo, SEGUIR AS ORIENTAÇÕES MÉDICAS, manter muita calma e paciência ... e o PRINCIPAL: NÃO ESQUEÇA DE VOCÊ MESMO(A)! Faça visitas regulares ao médico da sua confiança, conte que estás cuidando de um portador de Alzheimer ... e SE CUIDE TAMBÉM, senão VOCÊ ACABARÁ ADOECENDO TAMBÉM!!! Mantenha sua "conexão" com DEUS ... SEMPRE! Independentemente da sua religião, NUNCA PERCA A SUA FÉ EM DEUS! Pois manter-se em COMUNHÃO com DEUS, é IMPORTANTÍSSIMO PARA "aguentar" a sobrecarga de ser um CUIDADOR DE PACIENTE DE ALZHEIMER. Deus te abençoe ... AMÉM!

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